O MESTRE DA MONSTRUOSIDADE REQUINTADA
por Alla Chernetska
[Artigo publicado na edição #90 da revista Raw Vision*]

O mundo criado por Stéphane Blanquet é um circo monstruoso da realidade. As pessoas, insetos e demais personagens que convivem em seus livros ou ocupam a parede inteira de uma exposição são monstros que pululam em espaços pictoriais apertados em excesso. Como o próprio Blanquet reconhece, o papel e a tela são muito limitadores, por isso, ao ir além das molduras, seus mundos e personagens conquistam paredes inteiras, e também exposições inteiras. Nas palavras dele: “Os espaços são sempre pequenos demais para necessidade que sinto de espirrar minhas imagens em tudo que há em volta. Se me dessem um prédio inteiro, eu iria cobri-lo todo de sêmen gráfico. Preciso de uma cidade para poder cobri-la de imagens; uma cidade é o espaço mínimo para uma exposição”. Os monstros de Blanquet interagem bem de perto, criando uma miríade de padrões vivos e orgânicos que pulsam e absorvem nosso olhar. Seja na narração de contos ou na abstração de murais horror vacui, o universo de Blanquet se torna uma provação na qual somos forçados a confrontar nosso próprio lado sombrio, e isso tudo é uma alucinação carnal de puro prazer.
(mais…)