Entre fins de mundos, toque

                                            Entre fins de mundos, toque

                                                                             Por Stephanie Sauer

 

Assim como as mulheres, os livros não são vasos vazios a serem preenchidos com ideias de homens. Eles são estruturas que, de maneira ativa, veiculam ideias, opiniões e crenças culturais mantidas há tempos e, potencialmente, também novos modos de ver.

Fazer publicações que muitas vezes são chamadas de livros de artista é um projeto tanto de ativismo quanto de prática artística. Esses livros insistem que a forma veicula o conteúdo, que os olhos precisam traduzir o que é e o que não é contido em palavras, que as mãos têm suas próprias maneiras de ler. A cada novo feitio, eu me contraponho a uma cultura que insiste na minha passividade. O meu best seller é um livro que precisa ser rasgado. It’s fun to be naked [É divertido ficar pelado] contém um divertido poema de seis versos espalhado em cinco tiras de uma polegada de papel dobrado que são seguradas por um ilhós. Os leitores só podem acessar o texto por inteiro ao destacar a página nas linhas pontilhadas que fiz à mão. A maioria dos leitores pede duas cópias, insistindo que não gostam da ideia de “destruir” um livro. Eu garanto a eles que esse livro só se realiza inteiramente quando o leitor interage com ele.
(mais…)

BOTANDO O ID PRA FORA: Les Coleman apresenta a arte catártica de Mark Beyer

BOTANDO O ID PRA FORA
Les Coleman apresenta a arte catártica de Mark Beyer

                                                                  [Artigo publicado na edição #78 da revista Raw Vision*]

Sem título, 2008, caneta, tinta e tinta acrílica em pintura invertida sobre acrílico, tamanho desconhecido

 

Detalhes biográficos acerca de Mark Beyer, um artista recluso e autodidata, se limitam a poucas linhas de fatos e datas. Ao procurar on-line, não se pesca muito além do que já foi publicado. Beyer não tem um site pessoal. Parece haver uma única fotografia dele em domínio público. A única entrevista dele de porte foi publicada na segunda edição da Escape, realizada por Paul Gravett em 1983, quando Beyer estava em Londres para a exposição Graphic Rap no ICA. Em quase trinta anos, esse continua sendo o único comentário feito pelo artista sobre seu trabalho. Para minha grande surpresa e prazer, estive em contato com ele, que foi bastante simpático nas respostas às minhas inúmeras perguntas por e-mail, além de fornecer imagens de todos os períodos de seu percurso criativo.
(mais…)