Entre fins de mundos, toque
Por Stephanie Sauer
Assim como as mulheres, os livros não são vasos vazios a serem preenchidos com ideias de homens. Eles são estruturas que, de maneira ativa, veiculam ideias, opiniões e crenças culturais mantidas há tempos e, potencialmente, também novos modos de ver.
Fazer publicações que muitas vezes são chamadas de livros de artista é um projeto tanto de ativismo quanto de prática artística. Esses livros insistem que a forma veicula o conteúdo, que os olhos precisam traduzir o que é e o que não é contido em palavras, que as mãos têm suas próprias maneiras de ler. A cada novo feitio, eu me contraponho a uma cultura que insiste na minha passividade. O meu best seller é um livro que precisa ser rasgado. It’s fun to be naked [É divertido ficar pelado] contém um divertido poema de seis versos espalhado em cinco tiras de uma polegada de papel dobrado que são seguradas por um ilhós. Os leitores só podem acessar o texto por inteiro ao destacar a página nas linhas pontilhadas que fiz à mão. A maioria dos leitores pede duas cópias, insistindo que não gostam da ideia de “destruir” um livro. Eu garanto a eles que esse livro só se realiza inteiramente quando o leitor interage com ele.
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